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Pierrot le fou (O Demônio das Onze Horas) – 1965

É difícil determinar apenas um gênero para Pierrot le fou (no Brasil com o péssimo título de O Demônio das Onze Horas). Em 1965, Jean-Luc Godard já era um dos mais respeitados realizadores da França. Anna Karina não era apenas um rosto bonito, já que sua reputação cresceu imensamente após Vivre sa vie. E Jean-Paul Belmondo era o ator mais popular de seu país. Não foi difícil conseguir financiamento para um filme sem roteiro. Pois é. Assim como aconteceu em À bout de souffle, o lendário produtor Georges de Beauregard colocou seu dinheiro em jogo apenas apostando nos nomes de peso.

A única pergunta que Georges fez para Godard foi justamente relacionada ao tipo de filme que ele queria levar as telas. O diretor francês deu um longo sorriso e falou que não queria, de modo algum, fazer um filme, mas desfrutar de todos os atributos que só o CinemaScope poderia oferecer. A técnica que já era muito popular nos Estados Unidos dava seus primeiros passos na França através de uma iniciativa de um seleto grupo de financiadores. Se fosse qualquer outro diretor, provavelmente Georges, considerado o maior mão de vaca da indústria do cinema francês, não bancaria. Mas estamos falando de Godard, que, por sinal, fez milagre com os 300 mil dólares que recebeu.

Ferdinand Griffon (Belmondo) tem tudo. Casa, dinheiro, carro na garagem e boa pinta. Mas após ser demitido de seu trabalho na televisão e frequentar uma estranha festa, o homem decide fugir Marianne Renoir (Karina), babá de seu filho. Diferentemente de tudo o que parecia ser proposto, os dois parecem assumir os papéis de uma versão francesa de Bonnie e Clyde, já que suas viagens pela França envolvem mortes e vários assaltos. Mas enquanto o amor de Ferdinand e Marianne parece crescer a cada dia, o passado da moça passa a interferir diretamente na relação dos dois,

Afinal, seria Pierrot le fou mais um drama francês? Não! O diretor conseguiu dialogar com os mais variados gêneros. Temos passagens que lembram os musicais americanos, temos aquela veia dos filmes de crime dos anos cinquenta e comédia costurada com romance. Se, em última instância, o desfecho da história é triste, o mesmo não se pode dizer dos ótimos recursos de fotografia, construída com o uso de filtros e os melhores jump cuts de toda filmografia de Godard. Na melhor cena do filme, Karina e Belmondo protagonizam uma passagem marcante: após uma noite de amor, a câmera filma todo o ambiente em que o casal está. Existe um corpo atirado no meio da sala, mas ninguém parece se importar, nem o diretor nem os atores. Tal fato tem uma importância secundária, inimaginável nos dias de hoje, por exemplo, já que os cliffhangers são explorados das piores maneiras possíveis.

Como sempre faço neste casos, recomendo fortemente a aquisição do DVD ou Blu-Ray da Criterion para os fãs de Gordard. Temos uma quantidade incrível de material para análise desta importante produção francesa da década de 1960. .

NOTA: 7/10

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