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The Last Temptation of Christ ( A Última Tentação de Cristo) – 1988

Nesta sexta-feira santa trago para análise um dos filmes mais odiados pelos católicos. The Last Temptation of Christ (A Última Tentação de Cristo, no Brasil) foi censurado e banido em vários países na época de seu lançamento. Baseado no livro homônimo do grego Nikos Kazantzakis, a imagem do Cristo de Martin Scorsese se difere muito daquela proposta por Franco Zeffirelli no clássico Jesus de Nazaré, por exemplo.

A frase essencial para entender a essência do longa está justamente nos primeiros segundos de exibição: “este filme não se baseia no Evangelho, mas numa exploração imaginária do eterno conflito espiritual.” Conflito este que envolve a dualidade de Cristo: como um ser dito perfeito encarna na forma de um humano passível aos pecados da carne? Entendo que boa parte das reclamações direcionadas a este longa vêm de grupos que não aceitam depreciar a imagem de Jesus por nada. Não vou discutir sobre este aspecto em específico, mas quanto a isto acho necessário dizer que o cinema não tem a como objetivo ser um canal para discussão religiosa ou moral. Se Scorsese deixou claro que tudo se trata de uma análise imaginária, não é preciso muito para entender que os produtores jamais pensaram em trabalhar em cima dos evangelhos para construir este longa.

The Last Temptation of Christ tenta reproduzir de forma fiel o ponto de vista de Kazantzakis sobre a polêmica dualidade: fica claro que apesar de Jesus ser livre dos pecados ele ainda era suscetível aos desejos, medos e dúvidas que envolvem o ser humano. Talvez seja por isto que se conta que muitas pessoas que assistiam ao longa em 1988 demoraram para descobrir que Willem Dafoe interpretava Jesus. Cristo não era retratado com uma bondade contagiante ou com o olhar puro. Ao contrário, ele mantinha expressões sérias e olhava com dúvida e desprezo os falsos profetas.

Tudo na Jerusalém de Scorsese é diferente dos demais filmes sobre Jesus: além da exploração da imagem de Maria Madalena (que ficou muito popular na última década, diga-se de passagem), a cena do batizado de Cristo e o Domingo de Ramos são apenas alguns exemplos da ousadia do cineasta em adaptar ao pé da letra Kazantzakis. Os longos minutos em que Jesus é tomado pela tentação e cai no conto do Diabo geram calorosas discussões até hoje.

O complexo longa conta com Harvey Keitel como Judas. Aliás, a amizade destes dois personagens históricos é discutida de uma forma bem agradável e muito bem construída, uma vez que a premissa inicial seja aceita sem restrições. Entre as várias histórias por trás da produção deste longa, algumas entre a relação do diretor com a Universal são bem interessantes. The Last Temptation of Christ foi orçado em 14 milhões de dólares, mas Martin aceitou tocar o projeto com metade deste valor. Por este motivo muitas cenas foram improvisadas e os cenários eram constantemente reutilizados. Ainda assim, os executivos da Universal ficaram preocupados com a reação do público e só aceitaram bancar o longa se Scorsese aceitasse fazer um hit com Robert De Niro (o resultado foi Cape Fear, de 1991).

Um filme que deixa o espectador com mais perguntas do que respostas.

NOTA: 7/10

IMDB

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