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Won’t You Be My Neighbor? – 2018

É difícil escrever sobre a importância de personalidades de televisão, especialmente as que atuaram no século passado – antes da distribuição em massa de conteúdos. Sempre dou este exemplo: como explicar para um estadunidense a importância de Sílvio Santos no desenvolvimento da televisão brasileira? Até podemos tentar falar, mas dificilmente o estrangeiro terá noção do quanto essas figuras marcaram o cotidiano. É certo que, caso fosse o estadunidense que tivesse que explicar sobre uma personalidade de TV de seu país, este teria igual dificuldade para falar de Fred Rogers, um homem que marcou várias gerações ao produzir um conteúdo de qualidade para as crianças no programa Mister Rogers’ Neighborhood, hoje celebrado como um dos melhores programas educacionais em língua inglesa.  Won’t You Be My Neighbor?, dirigido por Morgan Neville, propõe analisar o impacto e o legado de Rogers – e, sem dúvida alguma, é um dos melhores documentários desta década.

Rogers faleceu em 2003 – apenas dois anos após gravar seu último programa. Ainda assim, ele dialoga com a produção em imagens de arquivo de Mister Rogers’ Neighborhood que comprovam o carisma da personalidade. As entrevistas com familiares e colegas de trabalho engrandecem o documentário, como se Neville, de fato, abrisse uma roda de discussão que buscava posicionar seu espectador como um amigo do próprio Rogers, dado o tipo de conversa franca que é feita.

Parece estranho pensar em um programa educacional para crianças hoje em dia, com a revolução tecnológica, com tantas opções de entretenimento – como filmes e games – além da enorme quantidade de desenhos e outras produções para o público infantil. É mérito deste documentário, portanto, demonstrar como Rogers conseguiu se aproximar das crianças dos Estados Unidos a partir de brincadeiras simples e de conversas que abrangiam tantos tópicos. A inocência de Rogers, explicada, em parte, pelo seu modo de lidar com as pessoas e pela sua posição idealista, desenvolve dois momentos de grande emoção no documentário. Em um destes, é possível notar a gratidão dos adultos que viram em Rogers uma espécie de segundo educador, um mentor, uma pessoa que parecia entender as dúvidas típicas da infância.

O documentário também lembra da grande batalha de Rogers para manter uma televisão pública de qualidade nos Estados Unidos no período em que a administração Nixon considerava retirar os recursos para transferir para a guerra no Vietnã – e fala sobre eventos isolados que tiveram repercussão em seu programa – como no caso do assassinato de Bobby Kennedy, no desastre da Challenger e nos atentados de 11 de setembro.

Won’t You Be My Neighbor? é franco favorito para vencer os principais prêmios da temporada. Não apenas pela popularidade de Rogers, que provavelmente influenciou vários membros que hoje estão na Academia, mas também pelo excelente trabalho feito por Neville de condensar uma carreira em 90 minutos de forma respeitosa.

NOTA: 9/10

IMDb

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