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Ben-Hur – 2016

Não havia a mínima necessidade para fazer um novo remake de Ben-Hur. A MGM sabia disso. A Paramount sabia disso. Mas como estamos falando de Hollywood, o óbvio não existe, e a possibilidade para lucro sempre é vista com carinho. A estratégia do diretor Timur Bekmambetov tinha duas bases: a primeira delas era tornar a história de Ben-Hur ‘mais acessível’ – ou seja, apresentar a história para o público da atual geração, que dificilmente se interessaria pelo clássico. Além disso, o foco também estava em cima da montagem de um filme grandioso – que pudesse oferecer uma nova interpretação ao clássico escrito por Lew Wallace. Se na teoria a ideia geral já soava frágil, os 120 minutos da versão de 2016 apenas confirma o fiasco, com mudanças brutais no direcionamento da história (que tiram qualquer credibilidade), e com atuações fracas.

Enormes buracos de roteiro poderiam ser apontados. Pra falar a verdade, eu parei de contar os erros na metade do longa – são tantas inconsistências históricas que o foco exclusivo nesses detalhes criariam uma impressão final ainda pior. O que mais me agrediu – e não digo só como crítico, mas como cinéfilo, foi o total descuido com a obra de Wallace. Se Wyler criou polêmica na década de 1950 por pedir a adaptação para inúmeros novelistas famosos, Keith Clarke e John Ridley tiveram a visão de levar para o público um entretenimento barato, melodramático e bobo, com enormes rupturas. Como exemplo, Toby Kebbell interpreta o Messala mais piedoso até hoje – e a condenação de Ben-Hur (Jack Huston) somente ocorre por pressão de terceiros. Aliás, essa cena somente ocorre devido a uma adaptação bizarra do incidente que cria o conflito entre os dois protagonistas.

A maquiagem também me incomodou muito. Na era de estúdio, até que era compreensível um detalhe com roupas impecáveis, aos cenários detalhados e ao destaque dos traços físicos. Essa paixão teve seu tempo, fez sucesso. Mas estamos em 2016, e mesmo assim analisamos um filme que insiste em transmitir a imagem da mulher bela e arrumada. Ao invés de investir nos diálogos, o que parece interessar, infelizmente, é o foco na perfeição dos rostos angelicais.

O filme até que inicia de forma agradável, com a análise da infância de Ben-Hur e Messala, deixado de lado nas duas adaptações anteriores, mas perde força com presenças desnecessárias como a de Ilderim (Morgan Freeman), que ocupa um espaço no roteiro muito maior do que deveria ter, tendo em conta a proporção do tempo. Jesus (Rodrigo Santoro) – desta vez tem rosto e voz – com presença mais firme no arco narrativo (ainda que a mesma não se sustente). Os efeitos em 3D e a tão famosa cena da corrida de carruagens não causam nem um terço do efeito de imersão que era planejado para o IMAX e para o Real3D.

A produção final não é de todo ruim, mas nota-se um foco exclusivo na tentativa de tornar a história mais acessível, com uma edição rasa. É triste, tendo em conta o filme anterior. A versão de 2016 tem pouco de novo a adicionar, e muitos problemas para se discutir. A péssima repercussão nos EUA deve gerar um grande rombo no caixa da Paramount. Depois de outro fiasco recente (Ghostbusters), as produtoras certamente farão novos cálculos antes de tocar projetos deste tipo.

NOTA: 3/10

IMDb 

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