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The Hunting Ground – 2015

The Hunting Ground é um documentário que não tem medo de tomar partido e colocar o dedo nas feridas abertas. Kirby Dick é um diretor que gosta de explorar assuntos que a grande mídia prefere não entrar a fundo – e que muitos de seus colegas nem ousam chegar perto. Em sua terceira discussão sobre estupro (após os nomeados ao Oscar Twist of Faith e The Invisible War), o objetivo central é levantar uma questão importante: por qual motivo os abusos sexuais que ocorrem nas universidades americanas são tão frequentes? Mais: por qual razão instituições como Harvard e Berkeley falham completamente nas investigações e não punem os responsáveis?

A resposta está dividida em uma hora e quarenta minutos, e ela é chocante. Geralmente, no Brasil, existe um culto em torno das grandes universidades dos EUA, já que elas são referência de qualidade de ensino para o mundo. Essa propaganda é ainda mais forte, obviamente, no território americano, já que uma criança aprende na escola que um diploma em Yale ou em Stanford é símbolo de reconhecimento profissional e o caminho para uma vida de sucesso.

Mas existe o lado oculto por trás destas instituições, que são os os casos de abusos sexuais. Os números impressionantes (devidamente comprovados com citação acadêmica) são exibidos na tela e causam pavor. Uma das menções mais fortes é que mais de 16% das mulheres na faculdade sofrem abuso – e 100 mil delas são atacadas anualmente. Ainda assim, 88% delas decidem não prestar queixa. Em um tema extremamente complexo, The Hunting Ground tem como mérito tratar cada uma das perguntas lançadas ao público com maturidade, através de entrevistas com acadêmicos ou pelo alto número de relatos de vítimas, que dá credibilidade.

Primeira consideração: qual é a razão que faz a esmagadora maioria das mulheres vítimas de ataque não prestarem queixa? A resposta abre a cortina para um cenário sombrio e desconhecido, que mostra o quanto as universidades preocupam-se com sua imagem e fazem jogam a culpa para a própria vítima. A quantidade de álcool ingerida ou o guarda-roupa geralmente são apontados como culpados. A mulher absorve toda a culpa, enquanto o estuprador fica impune.

O problema é que este mesmo estuprador comete uma média de seis crimes do mesmo tipo. Esse círculo vicioso não acaba pelo fato de que as grandes instituições retardam investigações, deixam de coletar provas e até mesmo expulsam quem quer que ouse duvidar de sua integridade. Após estabelecer suas bases, o documentário entra em uma série de questões secundárias que tornam-se relevantes para solucionar o caso.

Elas envolvem as fraternidades (que ficam impunes, já que são parte da propaganda da universidade para os calouros), os atletas (que acreditam que podem tudo por serem famosos no campus com apenas 20 anos de idade) e com os diretores das universidades (que rejeitam completamente os casos de estupro relatados). A conclusão que se chega é que o dinheiro fala mais alto, e que os crimes não são investigados pelo bem geral do ambiente escolar.

Apesar da promoção estar em torno da música de Lady Gaga, “Till It Happens to You”, nomeada ao Oscar, The Hunting Ground tem forças para caminhar com suas próprias pernas. Dick vai atrás de sobreviventes (e da organização criada para combater este tipo de crime), ao mesmo tempo que pressiona o governo para tomar iniciativas. Por este motivo, ele não se esquiva de sua responsabilidade, e repetidamente cita o nomes das universidades que impedem as investigações – e que chegam a demitir professores que se posicionem a favor das vítimas de estupro.

O documentário deve cair como uma bomba no ambiente universitário americano, e pode ajudar na criação de políticas para a defesa das mulheres. A promoção da causa não pode, no entanto, depender desta obra ou da boa vontade da mídia.

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 NOTA: 7/10

IMDb

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